Desinformação sobre Autismo Explode no Telegram na América Latina

A crescente popularidade do aplicativo Telegram na América Latina tem trazido à tona um novo e preocupante fenômeno: a disseminação em massa de desinformação sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Em grupos abertos e canais públicos, teorias sem embasamento científico, promessas de “cura” e práticas perigosas estão sendo compartilhadas com milhares de usuários, colocando em risco a integridade de pessoas autistas e a confiança das famílias em tratamentos seguros.

Relatórios de organizações de saúde digital e entidades ligadas à neurodivergência alertam que o Telegram se tornou uma espécie de “terra sem lei” para conteúdos pseudocientíficos. Entre os exemplos mais alarmantes estão o incentivo ao uso de substâncias tóxicas como “tratamentos alternativos”, a negação do diagnóstico de autismo como condição neurológica legítima e a difusão de ideias que associam o TEA a castigos espirituais ou vacinas, mesmo com fartas evidências científicas que desmentem tais alegações.

Falta de moderação amplia o problema

Diferente de outras redes sociais, como Facebook e Instagram, que passaram a adotar políticas mais rígidas contra fake news, o Telegram opera com uma estrutura de moderação muito limitada. Isso faz com que grupos com milhares de membros prosperem disseminando desinformação livremente, muitas vezes sob o rótulo de “comunidades de apoio”.

Especialistas apontam que o impacto dessa avalanche de desinformação é grave. Pais em busca desesperada por respostas podem adotar práticas perigosas para seus filhos, abandonando terapias validadas por profissionais de saúde ou negligenciando a importância do acompanhamento multidisciplinar.

O que dizem os especialistas

Segundo a fonoaudióloga e pesquisadora Maria Lúcia Fernandes, o maior perigo é a falsa sensação de segurança: “Esses grupos criam uma bolha de desinformação. Quem está vulnerável acredita encontrar respostas, quando na verdade está sendo enganado e afastado de profissionais sérios”.

Necessidade de ação conjunta

Diversas ONGs e entidades de apoio ao autismo na América Latina têm pressionado o Telegram e autoridades regionais por maior fiscalização. Embora o direito à liberdade de expressão seja garantido, ele não pode servir de escudo para a propagação de conteúdos que colocam vidas em risco.

Além disso, há um chamado urgente para que governos, profissionais de saúde e comunicadores intensifiquem campanhas de informação qualificada, acessível e baseada em evidências, especialmente nas redes onde a desinformação mais cresce.

Conclusão

O combate à desinformação sobre o autismo não é apenas uma luta contra notícias falsas — é uma luta por dignidade, saúde e segurança para milhões de pessoas autistas e suas famílias. Em tempos de desconfiança digital, a informação precisa, ética e humana deve ser a prioridade de todos os que acreditam numa sociedade mais justa e inclusiva.

Gi Ferro – Viver Autismo
Combatendo o Preconceito com Informação!

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  • Nós somos o Viver Autismo, um movimento dedicado à luta contra o preconceito e à promoção da conscientização sobre o autismo. Desde 2013, temos trabalhado incansavelmente para levar conhecimento e compreensão a todos.

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