Se sua mãe era daquelas que gritava com você por ficar muitas horas jogando videogame, chegou seu momento de vingança.
Um estudo recente conduzido por pesquisadores do Instituto Max Planck de Berlin, publicado na revista científica Molecular Psychiatry (Kuhn e colegas, 2014), mostrou que jogar Super Mario 64 em um Nintendo 3DS XL por meia hora diária, por dois meses seguidos, causa um aumento significativo em certas regiões do cérebro, principalmente em áreas responsáveis pela orientação espacial, formação de memória, planejamento estratégico e coordenação motora fina.
A análise foi feita através de scanner cerebral, revelando alterações de volume no hipocampo direito, córtex pré-frontal e cerebelo. O grupo controle que não jogou videogame pelo mesmo período, não demonstrou alterações detectáveis.
O que torna esse estudo interessante é justamente a causalidade. Outros estudos haviam mostrado diferenças correlacionais na estrutura cerebral de indivíduos que jogavam videogames, mas nunca tinham demonstrado que a atividade em si pudesse ser realmente a causa direta das alterações volumétricas no cérebro humano. Isso prova que é possível causar alterações cerebrais via treinamento com videogames.
Acredita-se que o estudo irá ter aplicações praticas e poderá ser utilizado em futuras terapias com pacientes com depressão, esquizofrenia, autismo e em outras condições causadas por traumas ou estresse.
Videogames já foram alvo de outros estudos no passado. Um estudo americano mostrou que idosos aficionados nessa prática são menos propensos a ter depressão. Alguns jogos também já são usados em equipamentos de terapias físicas.
Mais curioso ainda, um jogo chamado “Re-Mission”, cujo objetivo é eliminar células cancerígenas do corpo humano com um robô fictício, foi desenvolvido para motivar jovens com câncer.
Dados de ressonância magnética funcional mostraram que o jogo ativas regiões do cérebro relacionadas com motivação e feedback positivo.
Apesar das boas noticias, vale ressaltar algumas observações do trabalho alemão. O estudo foi feito com um número relativamente pequeno de indivíduos, apenas 23 adultos. Portanto, é possível que nem todo mundo tenha a mesma resposta.
Seria interessante usar um grupo maior e mesmo investigar o impacto de diferentes games no cérebro humano. Será que teríamos o mesmo resultado com Grand Theft Auto ou Myst?
Além disso, diversos outros estudos independentes mostraram forte correlação entre uso excessivo de vídeos games e redução do cérebro. Portanto, é bem provável que sua mãe estivesse parcialmente correta.
Fonte: G1 Globo
Gi Ferro – Viver Autismo
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